A fazenda Paraopeba será salva do desaparecimento . Foto: reprodução |
Agora, começa a ser afastado o risco de que o resto dessa história se perca sob os escombros da propriedade, batizada nos Autos da Devassa - inquéritos que incriminaram os conjurados - de Covão, por causa da cova formada pela topografia que a cerca. A prefeitura de Conselheiro Lafaiete acaba de decretar o bem de utilidade pública e desapropriar a fazenda, que será restaurada pela Ferrous Resources do Brasil para ser transformada em um centro cultural e ponto de referência da Estrada Real.
As medidas fazem parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público Estadual (MPE) de Minas como parte da compensação pelo impacto ambiental que a Ferrous causará com a mina Viga, de minério de ferro, também na região. "A fazenda tem grande importância. E a atividade mineradora tem um impacto forte. Dessa forma, todo mundo sai ganhando, porque a fazenda é preservada e a empresa ganha em sua imagem", avalia o promotor de Justiça e curador do Patrimônio Histórico de Conselheiro Lafaiete, Glauco Peregrino. "Sozinho, o município não teria condição de fazer a desapropriação e o restauro", observa o prefeito José Milton Rocha (PSDB).
Peregrino conta que, com o decreto e consequente processo de desapropriação, a Ferrous já fez o depósito judicial para o pagamento pela propriedade e agora terá 60 dias para escorar a estrutura. O procedimento exige pressa. A parte mais antiga da casa, construída entre o fim do século 17 e início do século 18, está fechada e ameaça desabar a qualquer momento. O telhado já não cobre nada e, apesar de não ser possível abrir as portas, pelos buracos nas paredes é possível ver não só a estrutura de pau a pique, mas as vigas do teto caídas, atravessando parte da sala, e grandes tábuas do piso se transformando em entulho.
Cheias. Além da falta de manutenção - apesar de a fazenda ser tombada pelo patrimônio histórico municipal -, a estrutura ainda é ameaçada pelas cheias do Rio Paraopeba, que passa a poucos metros. Entre o fim do ano passado e início deste ano, uma enchente derrubou a estrutura que servia para abrigar escravos e a produção da fazenda. A estrebaria está visivelmente inclinada, com risco de ruir. A água, que chegou a atingir mais de 1,80 metro dentro da casa, também se encarregou de destruir o que o tempo não havia dado conta. "Será preciso fazer o restauro de ruínas e a recuperação do que ainda não desabou", salientou a coordenadora do setor de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura de Conselheiro Lafaiete, Mauricéia Ferreira Maia.
Para o gerente-geral de Meio Ambiente da Ferrous, Cristiano Parreiras, a empresa "se sente honrada em poder realizar essa parceria para a preservação da Fazenda Paraopeba, que faz parte da história de Minas".
Veja matéria na íntegra: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,em-ruinas-fazenda-dos-inconfidentes-sera-restaurada,863142,0.htm?reload=y
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