segunda-feira, 30 de maio de 2011

Duas novas obras da Coleção Historiografia de Minas Gerais

 


Por diversas vezes foram feitas críticas ao equívoco que acompanha muitas das tentativas de fixar as características socioculturais de coletividades humanas, que estão em constante e permanente transformação.
O homem e a montanha – Introdução ao estudo das influências da situação geográfica para a formação do espírito mineiro (Autêntica Editora, formato 15,5cm x 22,5cm, 224 páginas, R$ 39,00 – 0800 28 31 322) indica a reciprocidade entre a sociedade e a natureza, cuja síntese é a formação cultural montanhesa, sedimentada e conservadora do interior do Brasil. Esta edição do livro de João Camillo de Oliveira Torres – que dá continuidade à série Alfarrábios, da coleção Historiografia de Minas Gerais – foi organizada por Francisco Eduardo de Andrade e Mariza Guerra de Andrade e comentada criticamente por diversos especialistas no assunto.
Além de contar com ilustrações de Alberto da Veiga Guignard e o texto instigante de João Camillo, original em sua interpretação sobre o lugar da origem, a fonte do sentido (e sua relevância social, psíquica e simbólica) denominada Minas Gerais, a análise crítica de historiadores e especialistas como João Antônio de Paula, presente nessa edição, reflete sobre essa perspectiva do autor, que ainda hoje é tida como verdade em diversos espaços sociais e políticos do País.
João Camillo de Oliveira Torres, nasceu em Itabira do Mato Dentro, em 31 de julho de 1915, e faleceu em Belo Horizonte, em 16 de janeiro de 1972. Foi bacharel em Filosofia pela Universidade do Distrito Federal do Rio de Janeiro. Em 1937, tornou-se jornalista. Em 1942, passou a lecionar História do Brasil na Faculdade de Filosofia Santa Maria, da então Universidade Católica de Minas Gerais, e História de Minas Gerais, na Faculdade de Filosofia da Universidade de Minas Gerais (UFMG). Foi ainda membro do Conselho Estadual de Educação, do Conselho Estadual de Cultura Popular, da Academia Mineira de Letras, do Instituto Histórico de Minas Gerais e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
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Templos modernos, templos ao chão – Trajetória da arquitetura religiosa modernista no Brasil traz uma análise sobre como a arquitetura religiosa moderna marcou o país
Em “Templos modernos, tempos ao chão – Trajetória da arquitetura religiosa modernista no Brasil (Autêntica Editora, formato 15,5cm x 22,5cm, 224 páginas, R$ 39,00 – 0800 28 31 322), Marcus Marciano Gonçalves da Silveira traz ao leitor uma profunda análise sobre a importância e a influência da arquitetura religiosa moderna no Brasil e, especialmente, em Minas Gerais.
Partindo da polêmica demolição de uma igreja colonial para a construção de uma matriz modernista na cidade de Ferros, em Minas, em meados da década de 1960, o autor discute aqui os principais fatores que desencadearam o início de construções de templos religiosos modernos e, principalmente, quais foram os argumentos utilizados e os contextos social, político e cultural das cidades envolvidas nesse processo que contribuíram decisivamente para legitimarem a demolição de antigas igrejas católicas, nos moldes barrocos ou rococós, entre as décadas de 1940 e 1960. Por meio de dados, matérias jornalísticas e de uma grande pesquisa em torno da demolição da Igreja de Ferros e de todo o caminho que o modernismo seguiu no Brasil, Marcus Marciano oferece, nesta obra, uma análise não só histórica, mas social e política sobre os acontecimentos que desencadearam o fervor modernista em arquiteturas religiosas a partir da década de 1940.
Integrante da coleção Historiografia de Minas Gerais, e o segundo da série Universidade, este livro é, sobretudo, um precioso estudo sobre o percurso e sobre as características da modernidade arquitetônica brasileira, fundamental para se entender e contextualizar esse movimento no País.
Marcus Marciano Gonçalves da Silveira é licenciado em História e mestre em História e Culturas Políticas pela UFMG. Atualmente, conclui seu doutorado na mesma instituição, vinculado à linha Ciência e Cultura na História.

Saiba mais:
http://www.autenticaeditora.com.br

sábado, 28 de maio de 2011

Ouro Preto revive Triunfo Eucarístico neste domingo

 Reprodução

Neste domingo (29), Ouro Preto, em Minas Gerais, vai reviver o Triunfo Eucarístico, uma procissão que marcou a transferência do Santíssimo Sacramento da Igreja do Rosário para o novo templo, a Matriz do Pilar. Elementos religiosos e pagãos fazem parte da cerimônia, que uniu várias classes sociais, de diversas crenças, na época. O evento faz parte das comemorações do aniversário de 300 anos de Vila Rica, atual Ouro Preto.
Tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, a cidade mineira celebra o aniversário em 8 de julho de 2011, mas as comemorações começaram um ano antes. As festividades têm a intenção de resgatar as tradiçôes da cidade.

Entre os 'presentes' pelos 300 anos da localidade, acontece a Mostra de Filmes Cine Vila Rica, em que os filmes escolhidos, que serão exibidos em seções gratuitas, são produções que tiveram Ouro Preto como locação ou que tratam de alguma forma da história da cidade. Debates com cineastas e membros do elenco que trabalharam nessas proOduções também estão previstas.

Em julho, Ouro Preto recebe uma série de shows com apresentações gratuitas na Praça Tiradentes, um dos cartões-postais da cidade. O Festival de Inverno; a reedição do livro do Bicentenário, considerada a primeira obra relevante a defender a guarda e a conservação do patrimônio histórico brasileiro, e o lançamento da edição do Tricentenário; o Arraiá de Ouro Preto; o  Simpósio Internacional de História 'Poderes e Lugares de Minas Gerais: 300 anos de Ouro Preto'; a comemoração de Corpus Christi; a Festa dos Mineiros e o Festival Gastronômico também fazem parte da programação prevista.

 Reprodução. Clique na imagem para ampliar


Em novembro a cidade histórica vai sediar o 16º Congresso Brasileiro de história da Medicina e 8º Congresso Mineiro de História da Medicina, em promoção da Sociedade Brasileira de História da Medicina e o Instituto Mineiro de História da Medicina.


quinta-feira, 26 de maio de 2011

I Seminário Nacional de Digitalização, Preservação e Difusão de Acervos Patrimoniais

 

Museu Imperial, em Petrópolis, Rio de Janeiro. Foto:etravelphoto.com
No Museu Imperial, de 19 a 21 de outubro de 2011 .
 
"O Seminário Nacional de Digitalização, Preservação e Difusão de Acervos Patrimoniais foi idealizado no âmbito das discussões que envolvem o processamento técnico de acervos arquivísticos, bibliográficos e museológicos nas instituições de guarda públicas e privadas, visando à democratização do acesso aos bens culturais através da digitalização e disponibilização online de acervos patrimoniais. A carência de espaços de divulgação e de troca de experiências adquiridas pelos diversos trabalhos desta natureza, em curso por todo o Brasil, motivou a realização deste evento que tem como motivação a apresentação do trabalho realizado na construção da base de dados do Museu Imperial pelo Projeto DAMI (Projeto de Digitalização do Acervo do Museu Imperial)."
 

Vinte estudos de Marcier percorrem trecho da Estrada Real

 Pietá (detalhe) obra de Marcier apresentada somente em Barbacena 
Foto: Edson Inácio

Vinte obras do pintor  Emeric Marcier (1916-1990), quatro cidades mineiras no roteiro inicial, produção de baixo custo e uma aposta: no talento e na história desse romeno que deixou a Europa em guerra e veio exercer sua arte no Brasil, fazendo de Barbacena uma de suas referências. Assim, surgiu a concepção da Mostra Itinerante Marcier: estudos, que está recolocando uma pequena mostra do grande acervo do artista nas estradas mineiras para conhecimento de um público variado, que vai do universitário e dos admiradores até o cidadão comum. As cidades: Belo Horizonte, Barbacena, Tiradentes e São João Del Rei. As obras: vinte estudos em papel, medindo 33cm x 49cm, nas técnicas de nanquim, pastel e carvão pertencentes à Júlia Marcier, neta do artista, e a Fundação Municipal de Cultura de Barbacena, administradora do Museu Casa de Marcier, instalado no Sítio Sant’Anna, local onde viveram o artista e sua família. O resultado? Bem, este superou todas as expectativas: uma repercussão extremamente positiva na mídia mineira.
Depois da temporada inicial, no Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais, em abril, a mostra chegou a Barbacena no dia 5 de maio, mas com algo muito especial: a exposição do painel Pietá, uma obra diferenciada que, além de sua expressividade e dimensão (2,34m X 3,0m), possui uma história polêmica, já que foi furtada do ateliê do artista por familiares no final dos anos 80 e recuperada logo após. Como o painel foi retirado do chassi, a Pietá permaneceu enrolada por cerca de duas décadas e longe dos olhares do grande público – um desperdício, já que a obra é uma das melhores traduções do artista, sua técnica, sensibilidade e percepção.




Auto-retrato de Marcier, estudo que revela a alma do pintor romeno
 Reprodução
A relação entre Marcier e Barbacena é algo de passional. Se o artista chegou a dizer que “a luz de Barbacena é a única coisa que ficou, o resto foi demolido, mas a luz enquanto eles não conseguirem estragar é realmente excepcional”, a cidade o acolheu e fez dele um ícone artístico/cultural, ou seja, o município tem num estrangeiro e sua arte uma referência, que de tão importante transformou a sua casa em um museu. E a mostra vem para ocupar uma lacuna: enquanto a cidade cultua mas não admira ou conhece suas obras e nem freqüenta como deveria o museu, colocar sua arte num passeio por Minas é uma forma de atrair o olhar de fora para o artista, sua obra e, é claro, para o museu e para Barbacena. Um fato merece destaque: a “grife” Marcier ainda é renomada em Minas Gerais, já que tivemos a grande imprensa mineira abrindo espaço para falar do artista e de sua obra a partir da mostra que criamos. Ou seja: Marcier continua sendo um artista plástico extremamente respeitado por suas obras e também pelas relações pessoais que estabeleceu. Faltando apenas para Barbacena trabalhar seu nome e sua arte com inteligência para mantê-lo em evidência no cenário cultural nacional.

 Texto de Sérgio Cardoso Ayres